terça-feira, 10 de maio de 2011

Missal Romano

CAPÍTULO VII

A ESCOLHA DA MISSA E DE SUAS PARTES


 

352. A eficácia pastoral da celebração aumentará certamente, se os textos das leituras, das orações e dos cantos corresponderem, na medida do possível, às necessidades, à preparação espiritual e à mentalidade dos participantes. Isto se obterá mais facilmente usando-se a múltipla possibilidade de escolha que se descreve adiante.

Por conseguinte, na organização da Missa, o sacerdote levará mais em conta o bem espiritual de toda a assembléia do que o seu próprio gosto. Lembre-se ainda de que a escolha das diversas partes deve ser feita em comum acordo com os que exercem alguma função especial na celebração, sem excluir absolutamente os fiéis naquilo que se refere a eles de modo mais direto.

Sendo muito grande a possibilidade de escolha para as diversas partes da Missa, é necessário que antes da celebração, o diácono, os leitores, o salmista, o cantor, o comentarista, o grupo dos cantores, saibam exatamente cada um quais os textos que lhes competem, para que nada se faça de improviso, pois a harmoniosa organização e execução dos ritos muito contribuem para dispor os fiéis à participação da Eucaristia.

I. A ESCOLHA DA MISSA

353. Nas solenidades o sacerdote deve seguir o calendário da igreja em que celebra.

354. Nos domingos, nos dias de semana do Advento, do Natal, da Quaresma e da Páscoa, nas festas e nas memórias obrigatórias:

a) se a Missa é celebrada com povo, o sacerdote siga o calendário da igreja em que celebra;
b) se a Missa é celebrada com a participação de um só ministro, o sacerdote pode escolher tanto o calendário da igreja como o calendário próprio.

355. Nas memórias facultativas:

a) Nos dias de semana do Advento, de 17 a 24 de dezembro, nos dias da Oitava da Páscoa e nos dias de semana da Quaresma, exceto Quarta-feira de Cinzas e os dias de semana da Semana Santa, diz-se a Missa do dia litúrgico ocorrente; mas se poderá tomar a oração do dia da memória que conste no calendário geral para aquele dia, exceto na Quarta-feira de Cinzas ou num dia de semana da Semana Santa. Nos dias de semana do Tempo pascal a memória dos Santos pode realizar-se integralmente conforme as rubricas.

b) Nos dias de semana do Advento anteriores a 17 de dezembro, nos dias de semana do Tempo do Natal desde o dia 2 de janeiro e nos dias de semana do Tempo pascal, pode-se escolher tanto a Missa do Santo ou de um dos Santos cuja memória se celebra, ou ainda de qualquer outro que conste do Martirológio naquele dia.

c) Nos dias de semana do Tempo comum, pode-se escolher entre a Missa do dia de semana, a da memória facultativa ocorrente, a de algum Santo que conste do Martirológio naquele dia, uma das Missas para diversas necessidades ou votiva.

Se o sacerdote celebra com povo, cuidará de não omitir muitas vezes e sem razão suficiente, as leituras indicadas no lecionário cada dia para os dias de semana, pois a Igreja deseja que a mesa da palavra de Deus seja oferecida aos fiéis com maior riqueza.

Pela mesma razão não tome com freqüência as Missas dos Fiéis defuntos, pois qualquer Missa é oferecida tanto pelos vivos como pelos falecidos, e há um memento para eles em cada Oração eucarística.

Onde os fiéis tiverem grande estima pelas memórias facultativas da Virgem Maria ou dos Santos, satisfaça-se a legítima piedade do povo.

Quando houver liberdade de optar entre a memória do calendário universal e a do calendário diocesano ou religioso, dê-se preferência, em pé de igualdade e segundo a tradição, à memória particular.

II. A ESCOLHA DAS PARTES DA MISSA

356. Ao escolher os textos das diversas partes da Missa, tanto do Tempo como dos Santos, observem-se as normas que se seguem.

Leituras

357. Para os domingos e solenidades estão marcadas três leituras, isto é, do Profeta, do Apóstolo e do Evangelho, que levam o povo cristão a compreender a continuidade da obra da salvação, segundo a admirável pedagogia divina. Estas leituras sejam realmente feitas. No Tempo pascal, conforme a tradição da Igreja, em lugar do Antigo Testamento, a leitura tomada dos Atos dos Apóstolos.

Para as festas são previstas duas leituras. Mas, se a festa, segundo as normas, for elevada ao grau de solenidade, acrescenta-se uma terceira leitura, tirada do Comum.

Na memória dos Santos, a não ser que haja próprias, lêem-se normalmente as leituras indicadas para o dia de semana. Em alguns casos propõem-se leituras apropriadas, ou seja, que realçam um aspecto peculiar da vida espiritual ou da atividade do Santo. O uso destas leituras não deve ser urgido, a não ser que uma razão pastoral realmente o aconselhe.

358. No Lecionário semanal propõem-se leituras para cada dia da semana durante todo o ano. Por isso, via de regra, tais leituras serão tomadas nos dias em que estão marcadas, a não ser que ocorra uma solenidade ou festa ou memória que tenha leituras próprias do Novo Testamento, ou seja, nas quais se faça menção do Santo celebrado.

Se, no entanto, a leitura contínua da semana for interrompida por alguma solenidade, festa ou celebração particular, poderá o sacerdote, considerando a disposição das leituras de toda a semana, juntar às outras as leituras omitidas, ou então decidir quais os textos que deverão ser preferidos.

Nas Missas para grupos particulares, poderá o sacerdote escolher textos mais adaptados àquela celebração, contanto que sejam selecionados entre os que constem do lecionário aprovado.

359. Existe também uma seleção especial de textos da Sagrada Escritura no lecionário para as Missas rituais em que ocorra a celebração de algum Sacramento ou Sacramental ou para as Missas que são celebradas por alguma necessidade.

Estes lecionários foram compostos para levar os fiéis, por uma audição mais adequada da palavra de Deus, a compreender mais plenamente o mistério de que participam, e estimar cada vez mais a palavra de Deus.

Por isso, ao determinar os textos a serem proferidos na celebração, levem-se em conta as razões de ordem pastoral e a faculdade de opção concedida nesta matéria.

360. Por vezes se apresenta uma forma mais longa ou outra mais breve de um mesmo texto. Na escolha entre as duas formas tenha-se em vista o critério pastoral. No caso, é preciso atender à capacidade dos fiéis de ouvir com fruto a leitura mais ou menos longa; à sua capacidade de ouvir um texto mais completo a ser explicado pela homilia.

361. Quando se concede a faculdade de escolher entre um ou outro texto já determinado, ou quando se deixa à escolha, será mister atender à utilidade dos que participam. Isso pode acontecer quando se trata de usar um texto que seja mais fácil ou mais adequado à assembléia reunida, ou de um texto a ser repetido ou reposto, indicado como próprio em alguma celebração ou seja leitura de livre escolha, sempre que a utilidade pastoral o aconselhe.

Isso pode acontecer quando o mesmo texto deva ser proclamado de novo dentro de alguns dias, por exemplo, no domingo e num dia de semana que se segue imediatamente, ou quando se teme que algum dos textos escolhidos apresente dificuldades para a assembléia reunida. Cuide-se, porém, que na escolha dos textos da Sagrada Escritura, algumas de suas partes sejam permanentemente excluídas.

362. Além das faculdades de escolher textos mais apropriados, conforme foi exposto acima, dá-se às Conferências dos Bispos, em circunstâncias peculiares, a faculdade de indicar algumas adaptações relativas às leituras, mantendo-se, no entanto, o princípio de que os textos sejam escolhidos do lecionário devidamente aprovado.

Orações

363. Em cada Missa, a não ser que se indique outra coisa, dizem-se as orações que lhe são próprias.

Nas memórias dos Santos, diz-se a oração do dia própria ou, em sua falta, do Comum correspondente; as orações sobre as oferendas e depois da Comunhão, não sendo próprias, podem ser tomadas do Comum ou dos dias de semana do Tempo comum.

Nos dias de semana do Tempo comum, porém, além das orações do domingo precedente, podem tomar-se as orações de outro domingo do Tempo comum ou uma das orações para diversas necessidades consignadas o Missal. Mas será sempre lícito tomar apenas a oração do dia das mesmas Missas.

Desta maneira se oferece maior riqueza de textos, capazes de nutrir com maior abundância as preces dos fiéis.

Nos tempos mais importantes do ano, essa adaptação já é feita pelas orações que lhes são próprias, contidas no Missal para cada dia da semana.

Oração eucarística

364. O grande número de prefácios com que o Missal Romano foi enriquecido tem por objetivo pôr em plena luz os temas da ação de graças na Oração eucarística e realçar os vários aspectos do mistério da salvação.

365. A escolha entre as várias Orações eucarísticas, que se encontram no Ordinário da Missa, segue, oportunamente, as seguintes normas:

a) A Oração eucarística I, ou Cânon romano, que sempre pode ser usada, é proclamada mais oportunamente, nos dias em que a Oração eucarística tem o Em comunhão próprio ou nas Missas enriquecidas com o Recebei, ó Pai, próprio, como também nas celebrações dos Apóstolos e dos Santos mencionados na mesma Oração; também nos domingos, a não ser que por motivos pastorais se prefira a Terceira Oração eucarística.

b) A oração eucarística II, por suas características particulares, é mais apropriadamente usada nos dias de semana ou em circunstâncias especiais. Embora tenha Prefácio próprio, pode igualmente ser usada com outros prefácios, sobretudo aqueles que de maneira sucinta apresentem o mistério da salvação, por exemplo, os prefácios comuns. Quando se celebra a Missa por um fiel defunto, pode-se usar a fórmula própria proposta no respectivo lugar, a saber antes do Lembrai-vos também.

c) A Oração eucarística III pode ser dita com qualquer Prefácio. Dê-se preferência a ela nos domingos e festas. Se, contudo, esta Prece for usada nas Missas pelo fiéis defuntos, pode-se tomar a fórmula especial pelo falecido, no devido lugar, ou seja, após as palavras: Reuni em vós, Pai de misericórdia todos os vossos filhos e filhas dispersos pelo mundo inteiro.

d) A Oração eucarística IV possui um Prefácio imutável e apresenta um resumo mais completo da história da salvação. Pode ser usada quando a Missa não possui Prefácio próprio, bem como nos domingos do Tempo comum. Não se pode inserir nesta Oração, devido à sua estrutura, uma fórmula especial por um fiel defunto.

Cantos

366. Não é lícito substituir os cantos colocados no Ordinário da Missa, por exemplo, o Cordeiro de Deus, por outros cantos.

367. Na seleção dos cantos interlecionais e dos cantos da Entrada, das Oferendas e da Comunhão, observem-se as normas estabelecidas nos respectivos lugares (cf. n. 40-41, 47-48, 61-64, 74, 87-88).