XIII Congresso Nacional da Pastoral Familiar e os desafios da Atualidade
A Dom Walmor coube as palavras de boas vindas aos palestrantes e congressistas. Ele acolheu a todos falando sobre as belezas Minas e afirmou: “sou um mineiro baiano e o baiano mais mineiro”, aludindo ao tempo em que viveu na Bahia.
Dom Petrini fez a abertura oficial do evento e os trabalhos da noite foram encerrados com uma oração.
No sábado, os trabalhos foram retomados com a oração feita pela equipe de liturgia que através da celebração do Ofício Divino das Comunidades.
A seguir, foram convidados ao palco do teatro do Minascentro os primeiros expositores do dia.
A primeira foi a Dra. Maria Inês, médica e doutora em ciência da religião e teologia. Ela apresentou as tendências atuais que desconstroem o individuo e a família. Mostrou as tendências que vão diminuindo o valor da família. Exemplificou apresentando dados de uma pesquisa que fez com 500 universitários em 2002, onde foi feita a pergunta “qual seria seu decálogo se você fosse Deus” o resultado foi um surpreendente quarto mandamento que dizia “ser família é coisa do passado”. A partir disso, ela mostrou um caminho onde diz que no final deveremos ser “Curadores feridos”.
O segundo a apresentar-se foi o Pe. Jorge, assessor Arquidiocesano da Pastoral Familiar de Belo Horizonte, que apresentou um panorama social da pessoa e da família, incluindo o âmbito pastoral. Segundo ele a ação pastoral tem que ser questionadora da condição humana atual para poder sugerir propostas. Terminou apresentando um trecho da Familiaris Consortio que fala sobre a constituição da família como Igreja Doméstica, onde o Bem-aventurado João Paulo II exorta: “Família torna-te aquilo que és”.
A seguir, Pe. Libânio, jesuíta e professor de teologia na Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), o terceiro a apresentar-se, falou sobre diversos torpedos que vão destruindo a família. Ele apenas fez uma análise, sem entrar em detalhes sobre o que são os problemas, pois afirmou que na era da informação e do Google, informação é o que mais as pessoas têm. Ele discorreu e comentou o que está informado. Transmissão da cultura,transformação da cultura por 4 torpedos: a ciência, a autonomia, a história, a práxis, a Família como relação – relação e cuidado. Antes a família era cultura, agora é relação, pois mudamos a casa todos dia. A Pastoral Familiar precisa ensinar a se relacionar. Vivemos em uma sociedade fragmentada, quebrada por dentro, e nós precisamos organizar os caquinhos em mosaicos bonitos. Também trabalho da Pastoral Familiar.
Ao final das apresentações, foram comentadas as perguntas feitas por escrito para os debatedores.
A seguir, conforme a programação, foi convidada ao palco do auditório a Dra. RenateJost, psicoterapeuta de renome internacional, que criou e desenvolveu o método de abordagem e análise do inconsciente, para falar sobre a pessoa e a família através dessa abordagem. Ela apresentou aos participantes de maneira clara a 3ª dimensão da pessoa, aquela que se confere à pessoa uma visão humanística, que é a dimensão espiritual, que existe além da física e da psicológica. Mostrou como, em seus estudos, essa dimensão espiritual é muito importante e se manifesta já desde a concepção. Através de diversos casos que apresentou, a dra.Renate afirmou que as pessoas tendem, “a buscar o equilíbrio e a retomada do seu ‘eu’ sadio, que é aquele que é adquirido já desde o ventre materno”.Ela também passou algumas dicas sobre como evitar problemas com a pessoa, indicando o que pode ser feito pelos pais desde o tempo da gestação.
Terminada a apresentação da Dra. Renate, os congressistas foram convidados ao almoço que foi servido nas dependências do Minascentro. Os trabalhos foram retomados às 14h.
Dom Petrini foi o expositor que falou aos congressistas logo após o almoço. Seu tema, Ecologia Humana, apresentou através de diversos pensadores, começando pelo Beato João Paulo II, passando por Bento XVI e chegando até mesmo a Karl Marx, que diante do pensamento humano é possível estabelecer o que é e como trabalhara defesa do Ser Humano, de sua existência e de seus valores. Sua reflexão também foi na direção de que não é somente o problema da manipulação biológica que deve nos preocupar, mas a mentalidade reducionista que hoje está instalada na sociedade e que empobrece a pessoa.“Vivemos em um mundo que é deserto de amor”, enfatizou dom Petrini, “não se sabe mais amar”. Segundo o bispo, hoje se vive relações descartáveis onde o amor é transformado em um relacionamento superficial, onde não entra a opção da doação pelo outro e para o outro. Ele lembrou o exemplo de Cristo que diz “este é o meu corpo que dou por você” como um modelo a ser seguido pela pessoa e pela família, consequentemente. Afirmou que esta é “uma qualidade de amor que é verdadeiro porque procura o bem da outra pessoa”.Ao final da sua palestra, o presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família fez diversas indicações de atividades pastorais que os agentes podem desenvolver além do que atualmente já é feito. Entre as indicações, citou encontros com casais pelas casas de forma missionária para partilha da palavra e da vida e interações mais elaboradas com outros grupos e pastorais como a catequese.
Após a palestra de dom Petrini foi composta uma mesa para que a Pastoral Familiar pudesse falar sobre diversos aspectos da caminhada da Pastoral Familiar.
Após esse momento foi apresentado um filme sobre a vida do Servo de Deus Pe. Eustáquio van Lieshout ss.cc.
Ainda no sábado foi celebrada a Santa Missa, presidida por Dom Walmor, Arcebispo de Belo Horizonte e concelebrada pelos bispos e padres presentes. Após a missa, houve a apresentação do coral de canto gregoriano de Belo Horizonte.
O dia foi encerrado com uma confraternização, onde foi servido um caldo à mineira a todos os participantes do XIII Congresso, que foram convidados a retornarem ao Minascentro no domingo às 8h.
O domingo da Assunção no XIII Congresso da Pastoral Familiar
O dia iniciou-se com a oração das Laudes conduzida por dom Petrini, presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família. A assembleia reunida celebrou com o bispo a oração da Igreja, motivados pela orientação que o próprio dom Petrini havia feito.
A programação do dia teve como primeira apresentação a palestra de dom Severino Clasen, presidente da Comissão Episcopal para o Laicato e recém-designado bispo para a diocese de Caçador (SC).
Ele iniciou sua colocação falando que “é preciso tomar cuidado para que o trabalho pastoral não se torne um movimento, sob o risco de tornar a pastoral um objeto” porque se assim for, segundo o bispo, corremos o risco de que o trabalho acabe.
“Amor é uma das palavras mais procuradas de nossa língua, mas também q mais desgastada” afirmou dom Severino ao falar que hoje as famílias têm dificuldade em exercitar o amor, por não saberem mais o que isso significa. Também disse que “somos cidadãos do Reino dos Céus” ao afirmar que o casal cristão não pode entregar-se às coisas deste mundo, às futilidades passageiras e ao trabalho desmedido, mas precisam dar mais atenção às coisas que não passam. E citou diversos trechos do Familiaris Consortio e do Documento de Aparecida para exortar os agentes reunidos no Congresso.
O segundo momento do domingo foi apresentado pelo dr. Carlos Berlini, representante e coordenador nacional da ONG Ai.Bi. – Amici Dei Bambini, que trabalha com adoção. Ele apresentou um relatório sobre como está a questão da adoção no Brasil e como a parceria com a Pastoral Familiar está ajudando na conscientização das pessoas e das famílias sobre a beleza de ter o coração aberto para uma “espiritualidade de acolhida”.
Depois, falou o casal Eunides e Bosco, assessores pedagógicos nacionais do INAPF – Instituto Nacional da Pastoral Familiar – que motivaram os agentes a buscarem cada vez mais a criação dos núcleos Regionais de Formação e Espiritualidade, importantes para a formação sistemática dos agentes da Pastoral Familiar.
Após o intervalo do café, dom Petrini, despediu-se por questões da viagem de retorno, e em sua despedida falou no projeto Raquel, que é dirigido às mulheres que fizeram o aborto, mas que se arrependem e desejam buscar o perdão de Deus. Essas mulheres são atormentadas pelo peso da culpa e desejam alcançar o perdão. Esse trabalho é fruto de um congresso realizado pelo Vaticano há três anos, cujo tema era o Óleo sobre as Feridas. Agradeceu a dom Walmor e ao casal coordenador do Regional Leste 2, Júlio e Marília por todo o empenho na preparação do evento.
Ainda dentro da programação, o casal Ana Lúcia e Airton apresentaram um painel sobre o trabalho com os Casais em Segunda União, que em vário locais do Brasil acontece com a acolhida daqueles que não conseguiram viver a união matrimonial, mas que reconstruíram sua vida e agora tentam caminhar com um novo parceiro(a) como casal cristão apesar de não serem sacramentados.
O casal da comunidade Família de Caná falou sobre o problema das drogas na família e ofereceu dicas e informações sobre como lidar com esse problema que afeta toda a família. Enfatizaram, por fim, a importância de que as pessoas que sofrem com drogados na família procurem os centros de auxílio que existem em todo o Brasil.
Depois das apresentações, todos os expositores foram convidados novamente à mesa para uma rápida rodada de perguntas sobre os assuntos.
Por fim, a última atividade programada do domingo foi a oração de envio para todos os participantes do Congresso. Porém, antes foi anunciado o Regional Nordeste 5como a sede do XIV Congresso Nacional da Pastoral Familiar em 2014. O casal coordenador do Regional Nordeste 5, Lúcia e Abimael, recebeu das mãos do casal coordenador do Regional Leste 2, Marília e Júlio, a imagem itinerante da Sagrada Família que está acompanhando os Congressos Nacionais desde o XI realizado em São Paulo, em 2005.
Dom Joaquim Carreira conduziu a oração de envio e despediu a todos encerrando oficialmente o XIII Congresso Nacional da Pastoral Familiar.